A cabeça dos homens da bandeja
Eu quero paz
Mas antes mesmo
Eu quero a cabeça dos homens infernais na bandeja
Eu quero a cabeça dos homens sem empatia
Eu quero a cabeça dos homens na bandeja
Banhada de desgosto e vomitada de injustiças
Eu quero a cabeça dos homens na panela
Eu quero vingar as mortas não vencidas
Eu quero vingar as vivas clandestinas
Eu quero me vingar
Antes que me calem
E antes que me falem
E antes que me matem
Eu quero a cabeça dos homens na bandeja
Antes que a paz seja uma desculpa pra reparar indelicadezas
Eu quero a cabeça dos homens na bandeja
Não diga farpas
Quando não souber
O que falar pra uma mulher
Não diga farpas
Farsas mal ditas
Não diga nada
Quando não souber
Das figas que já fizemos por trás
Dessas idas
Protegendo nossas vidas
da insegurança dos homens
Da violência mantida
Sob os nossos direitos
Então não fala nada não
Cuidado quando diz
Que a gente é puta
E bruxa
E macumbeira
Lugar de másculo
Macho
Não é dentro da nossa seita
Respeita nossas antepassadas
fendas
De dentro do nosso fluído fundo
Das nossas vulvas sem culpa
Antes do café esfriar
Antes do café esfriar
Olhou bem calma o copo
Bebeu café na boca molhada
Nua e intensa
Parecia aquela coisa forte
Um prazer muito obrigada
Dentro de cada uma
Um mistério
E um tempo velho
Uma tal de lambida cá
Dentro de cada uma
E tato e oralidades
O café frio
Que depois é que se lembra
Ficou pouco forte
Depois dessas olhadas intensas
De nós duas
Pontuais pra pouca vergonha
Que nos lateja
Toda vez que a gente beija
Amargas da vida
Invernais
Nada santinhas
Amantes
Derramando café na mesa
Bebendo café
Bebendo minha sina
Lambendo minha vontade
A gente sabe que esse tempo foi...
Pouco pra tudo isso
Eu te olhava tomar café
E sentia um fogo
Eu queria ser aquele copo
Eu queria que o café derramasse no corpo
Tua boca o fim da vida
Desconcentra meu foco
E o café fica frio no final
Que a gente se envolve
Amor Ausências Ardências
Para ler ouvindo Otto & Julieta Venegas - Lagrimas Negras
Na pressa que me traz de volta pra tua mão, me atento ao chão pra não fragilizar. Eu não acredito mais que o destino te arraste até aqui, na minha cara e um pé dos meus passos, nem acredito na força do destino, nem acredito mais em você. O mundo deu uma volta imensa em nós dois, lá daquele tempo até aqui, e as vezes volto sozinha pro teu colo, numa loucura inunda que me derruba, como um vento forte com teu perfume, ou um fumo, um filme e um disco.
Ontem à noite sonhei com você, bonito e tão impressionista uma obra de arte, olhando pra mim esnobe e carinhoso, sorrindo comigo e rindo como se soubesse de tudo, uma história sem fim... Não lembro a última vez que sonhei, nem lembrava da última vez que tinha te visto, foi como se estivesse mesmo ali, no mesmo fundo de tela, com o mesmo amor que eu sentia.
Te engoli hoje apulso. Acordei num tempo chuvoso e o meu corpo um clima ameno, úmido, reagindo aos meus pensamentos, quase como se você estivesse me beijando agora. Uma saudade tão grande do teu corpo e tua atitude, e da minha boca toda vermelha dos teus impulsos. Uma falta tão grande do espaço curto do quarto, do calor que fazia, da janela lá de cima que a gente fumava e ria.
Quando me lembro, não forço nenhuma parada, teu amor nem era fundo, era leve e quente, mais perto da carne que do coração. Que moía minhas agonias, numa resolução simplista, casual... Eu ia e voltava, tu ia e voltava, num ritmo sem pressa e sem coragem de cobrar na volta.
Nossa distância não é bruta, e as lembranças não machucam e chutam. Sei que quem sabe amanhã te encontre na rota do ônibus entre o centro e a casa, no verão quando fizer calor e num desses encontros casuais, cortamos os caminhos, só pra marcar a passagem, para reparar as vontades dos lábios e dos seios, de dentro do peito.
Quando me lembro, não forço nenhuma parada, teu amor nem era fundo, era leve e quente, mais perto da carne que do coração. Que moía minhas agonias, numa resolução simplista, casual... Eu ia e voltava, tu ia e voltava, num ritmo sem pressa e sem coragem de cobrar na volta.
Nossa distância não é bruta, e as lembranças não machucam e chutam. Sei que quem sabe amanhã te encontre na rota do ônibus entre o centro e a casa, no verão quando fizer calor e num desses encontros casuais, cortamos os caminhos, só pra marcar a passagem, para reparar as vontades dos lábios e dos seios, de dentro do peito.
Divórcio
Quando os vejo pairando sobre mim
Quase desesperados
Como se antecedessem os fatos
Como se perdesse o início
Se perdessem
Bem no fundo desse buraco maníaco de si
Me ouvindo repetir dizer que não sou de quem
Sentindo o amargo imaturo do seu amor
Ingênuo dos olhos que não choram
Mas piscam numa frequência afetiva
Por mim?
Quando eu nem sou um vício típico
e não fico
São olhos fixos
Pedidos
Vencidos
Eu disse que não gosto de acordos
e eles me olharam acabados
dois olhos insatisfeitos
e divorciados dos meus
claros e sem tendências
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