Plenitude

15/02/2016 Amanda Timóteo

  Faz 19 anos desse agora, desde a última vez que me sentir contemplada em estar sozinha. Tudo deu certo hoje, encontrei-me comigo por acaso, e a sensação é ótima. Os planos de estar acompanhada não aconteceram, e eu não estou irritada com o atraso alheio, a ausência... Por causa disso acabei encontrando comigo mesma, e aparento ser maravilhosa.

  Ter passado esse tempo pouco comigo, fez com que eu entrasse no mar sem medo, enfrentando as ondas calmas e a cor escura d’água, reflexo escuro que não vejo fundo, e tenho medo de pisar. E observar assim, fez perceber que meu temer do mar é parecido com o resto dos meus medos, medo do mar, amor, ficar, partir, sumir, não saber pra onde ir... Todo mundo tem medo, todo mundo tem medo de tentar também.

  Ficar comigo me fez fechar os olhos de frente ao mar, sentada de cabeça levantada para o céu, solar, molhada de água salgada, doce o vento, brisa boa, um “fino” enrolado por mim com muito carinho. Eu e o acaso, eu e o acaso fomos feitos um para o outro.

  Gosto de mim, gosto de como o pouco já me sugere a felicidade, e contento-me com bom dia, tarde, e duas senhoras tomando banho de mar, que me remete a lembrança de uma amiga cósmica – uma visão de nós duas no mar. E eu sorri sozinha, fazia tempo que eu não ria assim, que não sentia precisão de uma companhia, não sinto... Sorrir sozinha é felicidade plena.

  Aprecio-me assim, preenchida de mim, e talvez isso seja suficiente. Adorei as tantas perguntas raras, e adorei ser livre, tanto que acabei reconhecendo-me e descobri que a solidão é ótima de sua maneira. E depois dessa tarde morna, pretendo não depender de tanta coisa marcada, amor preocupado, aparelho celular, hora de ir e voltar, que é pra vê se eu me encontro mais vezes.





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