Mal-andança

31/07/2016 Amanda Timóteo

Para ler ouvindo Esperança cansa - Karina Buhr  

  Acordei numa animação torta, pronto... Acordei!

  Viciada em calcular os desgastes emocionais, deitar na cama e dormir desassossegada, dando inúmeras pausas para resolver como é que vai a vida, e não resolve nada além da louça suja de ontem. E ontem foi mais do mesmo, achei que tinha aquilo, depressão, falta de aceitação, indisposição - aceitei que tinha tudo pra ver se resolvia tudo de vez, numa tentativa desesperada de esperança... Quando vê, foi crise, já foi e voltou, e retornará.

  E amanhã? Será que eu termino aquela listinha imatura falha, que escrevi na marra pra me fazer reagir? Vou esquecer na porta da geladeira, ou vou ignorar meu esforço. Impaciente, tudo porque apaguei da memória a resposta óbvia de estar aqui, e não me entra na cabeça ser vítima da massa sexista que mata, que pesa e acelera minha vontade de morar em outro planeta.

  Pesei umas trinta vezes sem pena de mim naquele dia, se eu iria à festa sábado, e acabei perdendo a hora, quando vi já era domingo, meia noite e meia, e eu meio fossa. Quando vi já estava pronta para sentar e escrever algo inteligente, ouvir Eu Menti pra Você, e depois tentar ler sem o jogo persuasivo da minha mente me atrapalhar com bads sacanagens... Aquelas vontades intrometidas, pensei num traste de praxe, avaliei as circunstâncias, e não vale a vontade e a distância, mesmo o forro da calcinha molhando.

  Na real mesmo, filosofo o fracasso amoroso dos exs amores na maior parte do tempo. A outra parte mastigo devagar a ideia de ter que levantar da cama e tomar um rumo ligeira, pra não ficar velha e atrasada no sistema, terminar aquele curso e arrumar um emprego, escrever aquele projeto. Mastigo devagar para não engasgar mais do que engasgo de medo, desse veneno.

A fuga desse nervoso todo, é trabalho do banho de mar, ajuda de exu pra renascer, cerveja na mesa, e principalmente o chá, i love um beck sempre na hora do desespero e antes de almoçar, porque sempre é hora de relaxar. Não parar de pensar tanto, mas não criar mais problemas pra resolver, esperar pra ver se o tempo não tarda no meu processo, e não brinca. Parece fácil planejar o óbvio, se não fosse tão difícil ser apta à ideias mirabolantes de querer fugir do esquema pronto. 

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