Rainha da rua

01/01/2015 Amanda Timóteo

Eu gosto da rua, minha mãe já deve saber
 Por mim eu só voltava em casa
Quando o sol pensasse em nascer
Eu gosto da rua porque a rua me dá inspiração
Caminho sem medo e sem pressa, admirando sua evolução
Eu gosto do chão marcado, até do fedor, e das gritarias
Das tias sem classe perdendo a linha
Eu gosto da rua, porque em casa tudo é parado.
É parede me enquadrando pra todo lado, é minha voz que se vai...
Eu gosto da rua, das opções que meus olhos têm
Procurando alguém que vem, pra pensar em poesia
Eu gosto da rua, de andar e andar, nada de cansar, só caminhar.
Nada de parar, ainda tem chão pra andar
Eu gosto da rua, porque nela vive a realidade, é fome, é pobreza no chão sujo.
E eu preciso cair das nuvens
Eu gosto da rua, de nela me amostrar
Pra provar que não sou menina de cerâmica sempre pisar
Eu gosto da rua, que a rua é sem vergonha
A rua é suja, e não sabe que é suja
Só é inocente porque já nasceu indecente
E desse vício não podemos tira-la
Eu gosto da rua, fico até vierem me buscar
Posso até apanhar, mas ela ainda vai ser meu melhor teto
Eu gosto da rua, e de sempre os mesmos chãos pisar
Só não quero ficar em casa, pois podem me administrar
Ou desencorajada eu devo tornar-me, se em casa eu ficar por muito tempo.
Eu gosto da rua, que ela também tem dezoito anos
Esta jovem e com fome de adrenalina
Eu gosto da rua, de respirar tantos ares
Eu sou da rua, sou dela, sem ela, não sou.

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